segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Nem sempre acontece como desejamos

Ao fim de quase 2 anos de ausencia regresso a blogosfera.

O motivo desta ausencia deveu-se essencialmente ao meu estado de espirito. Passei por momentos em que corria com alguma regularidade e vontade e por momentos de desmotivação e onde a vontade de correr era nenhuma.

Não sei bem explicar porque mas acho que passei por uma ressaca de correr.

Tive alturas em que tudo na corrida me irritava. Provas, pessoas, lugares... Tudo o que se relacionava directa ou indirectamente com isso me incomodava. Tentei desligar de tudo isso mas é dificil quando ao longo de vários anos contruimos um pequeno mundo a volta do prazer de correr. Não posso desprezar todos aqueles que fui conhecendo e com quem fui criando amizades muito devido as corridas. Algumas delas mantem-se outras foram-se diluindo com a ausencia constante em treinos, provas e eventos.

Acho que uma das razões terá a ver com o facto de ter deixado de me identificar com mentalidades e posturas que considero toxicas.

A constante busca por melhorar é benéfica e creio que todos gostamos de fazer mais e melhor mas a obsessão por resultados tornou-se totalmente viral.

O problema não é dos outros, é meu. Fartei-me...

Tenho apenas de admitir 2 coisas:

1) continuo a gostar de correr por muito que as vezes me custe constatar a minha actual forma
2) estou-me a borrifar para aquilo que os outros pensam

Decidi que iria voltar a correr de forma regular mas sem stress. Quando me apetece e com quem me apetece. Correr só porque sim. Sem objectivos nem metas. Apenas correr.

Pode ser que um dia nos cruzemos por ai, numa estrada ou trilho qualquer. Se assim for não se assustem, não precisam de fugir... Sou só eu a ser feliz a correr outra vez.







sexta-feira, 16 de setembro de 2016

I'm back

Olá blogosfera

Voltei!!! Aposto que já tinham saudades minhas. Ou talvez não... 

Pois é tratou-se de uma ausência prolongada. Caso não se lembrem do motivo podem ler aqui. Foi um motivo não previsto mas muito bom.

O Gustavo nasceu a 10 de Maio e desde então que a minha vida tem sido um turbilhão de emoções. Mas nada que não se consiga fazer. Uns dias melhores que outros mas o ideal é pensar um dia de cada vez. Com isto o tempo acaba por passar num instante e não tarda é altura de regressar ao trabalho.

O parto não correu propriamente as mil maravilhas mas também não me apetece falar sobre isso agora… O que é facto é que demorei algum tempo até conseguir voltar a correr. Se é que se pode dizer que aquilo que eu ando a fazer ultimamente seja correr. Mas enfim… É o que se consegue.

Recomecei a actividade cerca de um mês depois de o G. nascer apenas com caminhadas. Depois passou a caminhada com corrida e so depois corrida. A isto juntam-se alguns treinos na bicicleta de spinning cá de casa.

Nunca pensei chegar ao estado que cheguei em termos de forma física. Sinto-me um saco de batatas mole. Fiquei com alguma barriguinha e o meu rabiosque, que já de si não era nada pequeno, maior ficou. Bem mas vou deixar-me de lamurias que estamos em tempo de mudança.

Quando fiquei gravida tinha um objectivo bem definido para 2016. O objectivo mantém-se sendo que foi adiado, ainda não sei por quanto tempo, tendo em conta a minha péssima forma. Ainda tenho alguns Kg para perder para voltar aquilo que estava.

Mas nada de desmoralizar. É seguir em frente e focalizar.

Recomecei a semana passada as aulas de natação que tinha tido de largar em Janeiro porque de cada vez que la ia ficava constipada o que não dá muito jeito quando se está grávida.

Assim todos os astros se alinham para um novo recomeço.

Foco no objectivo.





sábado, 23 de janeiro de 2016

A época 2015/2016 começou... e acabou mais rápido do que se previa :)

Olá a todos

No ultimo post referi que agora é que ia ser. Após uma série de pequenas lesões lá recuperei e andei a treinar com algum afinco para a Maratona do Porto. Também fiz algumas provas. Corrida do Avante, 1/2 Maratona de S. João das Lampas, Corrida do Tejo. Entretanto fui de férias e quando voltei tive uma surpresa...

Descobri que estava grávida... Isso mesmo leram bem. E quando soube já estava de 7 semanas... O que significa que provavelmente o dia em que escrevi o ultimo post até pode ter sido o dia em que ficou definido que a minha vida ia mudar para sempre. Ser mãe era uma coisa que nem sequer me passava pela cabeça no momento. Tinha demasiados planos para 2016 e pese embora eu e o Xico falássemos sobre esse tema acabava por ficar sempre para segundo plano. E eu dizia sempre: "Para o ano quem sabe... Para o ano...". 

Quando soube foi um misto de felicidade, pânico e a certeza de que tudo o que tinha como planos para este ano acabavam de desaparecer no momento em que o teste deu: GRÁVIDA + 3 semanas...

Por isso chorei. Muitoooooooo... Parecia que tudo se estava a desmoronar. Todos os planos que tinha na cabeça se estavam a desvanecer, tais como fazer a Maratona do Porto ainda em Novembro e o principal de todos o Oh Meu Deus em Junho de 2016. Para quem está a ler isto deve estar a pensar: "Que grande estupidez... Esta vai ser mãe e está preocupada com provas???" Eu percebo a vossa indignação. Mas esta foi a realidade. Foi aquilo que senti. E não foi fácil perceber que mais tarde ou mais cedo as corridas tinham de começar a ficar de lado.

O médico não me proibiu de correr, antes pelo contrário. Disse que uma vez que o meu corpo já estava habituado a isso deveria continuar. É claro que com moderação, sempre em piso plano e com os batimentos cardíacos controlados. E assim foi. Continuei juntamente com a Natação e o Yoga que ultimamente se foram tornando o grande substituto da corrida. 

Assim ainda fui fazer um treino longo na Maratona de Lisboa. Acabaram por ser 30 Km mas que deram origem a uma lesão na anca direita. Mas a minha teimosia e a ânsia de correr o máximo possível enquanto desse era muita e no fim de semana seguinte lá fui aos 20 Km de Almeirim. Mas a partir dos 12 Km a anca voltou a dar sinais e la me fui a arrastar até a meta. Como já estava inscrita na Maratona do Porto lá fui. Mas já sabia que nem pensar. Ia fazer os 15 Km e chegava bem. E assim foi. Em passo de passeio lá fui e dediquei-me a apoiar os muitos amigos que iam fazer a prova longa. Custa-me muito estar do lado de fora. Para muita gente estar desse lado é bom mas para mim é muito difícil. Com isso fui-me afastando cada vez mais das idas a provas e treinos porque me sentia até um pouco revoltada.

A última prova que acabei por fazer foi o Grande Prémio de Natal que fiz sempre a correr mas em modo tartaruga :P

Escondemos este segredo durante bastante tempo. Mais precisamente até ao Natal. Decidimos que iríamos dar um presente de Natal diferente a nossa família e amigos. E foi este pequenito, aqui ainda com 16 semanas:



Passadas 24 semanas a minha cabeça já se adaptou a nova realidade. Vamos ter um bebé e estou muito feliz :) As corridas regressarão a seu tempo. Sei que não vai ser fácil mas eu e o pai vamos ter de nos revezar para que ambos possamos usufruir de uma das coisas que mais gostamos: Correr. 

O Xico está já a preparar uma forma de comemorar a chegada do pequeno. Depois do ano passado ter completado uma das provas de sonho dele, os 100Km do Oh Meu Deus, vai desta vez tentar completar as 100 milhas (160 Km) na mesma prova. E se tudo correr bem o Gugas estará na meta a sua espera. E eu também... A espera dele e de todos os amigos que vão fazer esta prova em várias distâncias. 

Aqui está o video publicitário de 2016 com imagens da prova em 2015. Espectacular:

terça-feira, 18 de agosto de 2015

A época 2015/2016 começou :)


Olá a todos. 

Estive a passar por uma ressaca de corrida, vamos chamar-lhe assim...

Estou de volta ao activo. Aguardem os próximos posts.




domingo, 21 de junho de 2015

Oh Meu Deus 2015 - Ultra Trail Serra da Estrela - A lição!

No sábado dia 30 de Maio eu e o Xico seguimos rumo a cidade da Covilhã para iniciar o tão esperado estágio em altitude. Na segunda íamos encontrar-nos com o Luzio para nos instalarmos nas Penhas da Saúde a cerca de 1500 metros de altitude. Ai iriamos ficar até sexta dia da partida das distancias das 100 milhas e dos 100 Km que iria acontecer em Seia.

Foi uma semana em cheio: treinos suaves, caminhadas, descanso e boa disposição. Poderíamos dizer que os 2 Serranitos e este projecto de Serranita estavam com bom ar.


                                 


O Xico e o Luzio iam fazer a prova dos 100 Km e podia-se perceber algum nervosismo da parte deles pese embora eles dissessem que não.

Eu por outro lado não me sentia nada nervosa. Estava sim ansiosa para que o dia chegasse. Sentia-me preparada quer física quer mentalmente. Este ultimo ano foi forte em termos de preparação. Muitos treinos e provas longas para me preparar para o tão esperado dia. Só queria começar e aproveitar.

Seguimos para Seia na sexta-feira depois de almoço. Ainda queríamos ir ver a partida das 100 milhas e dar incentivo a alguns amigos que se preparavam para iniciar esta aventura.

Chegados a zona da Câmara Municipal onde estava instalado o "quartel general" do Oh Meu Deus fomos levantar os dorsais. Comecei logo a sentir a adrenalina da festa. Só de ver os super atletas a prepararem-se para a partida já estava com vontade de me ir vestir e começar logo. E pensar que ainda tinha de esperar pelo dia seguinte para iniciar a minha prova

Cá está o vídeo da partida das 100 milhas.



De regresso ao hotel o Xico queria dormir um pouco e eu não tinha sono nenhum. Fiquei entretida a tentar pôr a funcionar a Action Cam que tinha comprado para filmar alguns momentos da prova. Por volta das 20h fomos jantar e depois dão-se inicio os preparativos para a partida da prova dos 100Km que iria começar as 23:59h. No meio dessa azafama comecei a ficar com alguma ansiedade. Afinal o Xico e o Luzio iriam partir não tarda e iriam fazer cerca de 6h de noite pela Serra. Não é que eu tivesse medo, mas os nossos frontais (todos iguais) comprados online e vindos de um pais que inspira pouca confiança para estes gadgets causavam-me um certo desconforto. Bem, há que pensar positivo e torcer para que tudo corra bem.

Saímos do hotel rumo a zona da partida. Eles entregaram os sacos para os postos de troca de roupa e fizeram o controlo zero. Eu e a Cláudia, que já se tinha juntado a nós, ficamos de fora a assistir aquelas movimentações. Dá-se inicio ao briefing e dentro em breve será a partida. Beijinhos e votos de boa sorte e ai vão eles rumo ao desconhecido.

E eu a continuar sem sono… De regresso ao quarto tento dormir mas nada. Só pensava se aquelas duas alminhas estavam bem. Resolvi ligar o computador para ver o acompanhamento online da prova na passagem dos postos de controle/abastecimento. Achei estranho serem quase 2h da manhã e ainda não aparecer a passagem no primeiro posto no Sabugueiro. Tinha feito com o Xico uma estimativa de passagem nos postos de abastecimento da minha prova e tínhamos definido que deveria demorar no máximo 2 horas a chegar ao Sabugueiro. Se eu demoraria 2h no pior cenário como é que eles ainda não tinham passado??? Mas depois percebi que nem eles nem ninguém aparecia. Só então me lembrei da informação que a organização deu a noite. Tinha caído um temporal de granizo que tinha afectado as comunicações em algumas zonas da Serra. Ok. Pode ser que seja isso. Quando ia desligar o PC começaram a aparecer os tempos de passagem. E eis que o Xico e o Luzio apareciam no grupo dos 1ºs… Ohhh Meuuu Deuuussss estes rapazes vão doidos. Espero que não rebentem… Aiii vou deitar-me e logo vejo quando acordar onde é que eles estão. Acordei as 4h30. Decidi não ir ver. Não consegui dormir mais. Fui tomar banho e preparar a traquitana. Desci para tomar o pequeno almoço na companhia da Cláudia. As duas agarradas ao telemóvel para tentar perceber onde é que aqueles doidos andavam. Vale Glaciar… Outra vez a aparecer nos primeiros. Aiii que caneco… Mandei sms ao Xico a perguntar onde estava e ele diz-me: “ A chegar a Unhais, 1º”… Again!!!??!!! Bem a coisa deve estar-lhes a correr bem. Fixe. Vou esquecer a prova deles e preocupar-me com a minha.

Tralha as costas e aqui vou eu. Digo tralha as costas porque tive de levar TUDO comigo. Não há cá sacos para deixar em abastecimentos. Na prova dos 70K vai tudo as costas. A minha mochila pesava cerca de 6/7 Kg já a contar com a agua. Nada de mais...

Na partida alguns amigos que iam também participar nesta aventura, o JP e o Jorge. Damos força uns aos outros. Breves palavras de força com a amiga Cláudia. Foto para a posteridade. Briefing dado e sigaaaaaa!!! Aqui vamos nós.



Começamos logo a subir e muito até ao Sabugueiro. Passamos pela Povoa Velha, aldeia onde o ano passado havia um abastecimento. Este ano não havia abastecimento previsto para esta aldeia mas… eis senão quando ao virar da esquina e depois desta foto tirada pelos Bombeiros de Seia vejo um abastecimento popular feito por emigrantes residentes em França. Soube-me a pato!! Melancia, melão, agua fresca, coca-cola.. Nhammy.




Ia a bom ritmo e estava dentro do tempo previsto para chegar ao Sabugueiro. E assim foi. Nesse abastecimento atestei com agua, bebi mais coca-cola comi mais uma frutinha e algumas batatas fritas e amendoins e já está. Vamos lá embora rumo ao Vale do Rossim.

Pouco depois de sair do Sabugueiro numa subida vejo ao longe um rapaz sentado numa pedra. Como vejo mal e não consigo correr com óculos pareceu-me um bombeiro porque tinha uma camisola vermelha. Quando cheguei perto percebi que era um companheiro de corrida que estava a descansar. Perguntei se estava tudo bem ao que ele respondeu que estava só a recuperar e a comer qualquer coisa porque estava a sentir-se um pouco fraco. Aproveitei a companhia e seguimos os 2. A chegar ao Vale do Rossim o terreno começou a descer com um estradões bons e comecei a rolar. O meu colega acabou por dizer para eu seguir. Assim fiz e lá cheguei ao Vale do Rossim dentro do tempo estimado no meu plano de prova. Estava ansiosa por comer qualquer coisa de consistente, sem ser fruta ou batatas fritas e coca-cola. As minhas barrinhas já tinham todas derretido nesta altura mas sabia que ia haver sopa e tostas mistas nesse abastecimento e estava a salivar. Quando cheguei ao abastecimento procurei a panela da sopa com o olhar mas nada... Disseram-me que como estava muito calor e a sopa já lá estava desde a noite tinha azedado e as tostas mistas já tinham acabado a muito. Não acredito. Enche com mais coca-cola, fruta e batatas fritas. A partir daqui sabia que ia ser muito complicado o terreno até a Torre. Já tinha feito em Setembro do ano passado o percurso do Vale do Rossim até a Nave da Mestra e sabia que havia muita pedra e a progressão seria difícil. Também estava muito calor e ia ser necessária muita energia. Fiquei preocupada por não ter comido nada de jeito por isso resolvi tomar um gel que seria a sobremesa do almoço "farto" que tinha tido. Optei também aqui por tirar a tshirt e seguir de top para ir mais fresca. Pus protector solar factor 50 porque na serra não se brinca. O meu colega de prova Paulo tinha também chegado ao abastecimento mas entretanto como já estava despachada acabei por seguir. Depois de sair do Vale e como tinha agua fresca decidi preparar electrólitos. Para mim mais importantes que o do açúcar é o sal. Bebi um pouco e segui. Distrai-me enquanto preparava os electrólitos e enfiei-me por um monte de silvas onde mal me conseguia mexer. Apercebi-me que o caminho não seria por ali. Perdi algum tempo e quando voltei atrás voltei a encontrar o Paulo e a partir dai fomos sempre os dois a dar apoio moral um ao outro.

Após entrar no trilho para a Torre comecei a ficar impaciente porque nunca mais chegávamos a Nave da Mestra e eu tinha ideia que fosse mais perto. É claro que o trilho que seguíamos podia ser outro mas pensei que estaria já ali ao virar do próximo pedregulho. Mas não... Isso não acontecia...Demoramos uma eternidade a chegar lá. Ai havia um controlo surpresa da organização onde estavam 2 rapazes que estiveram la a acampar de noite e tinham alguma água fresca para abastecer. Volto a preparar electrólitos para ir bebendo até a Torre.



Lá seguimos. Só conseguia pensar em chegar a Torre mas ainda faltava um bocadinho. Estávamos a demorar bastante tempo a fazer 1 Km. Pelas minhas contas faltavam 10 Km para a torre. E a fome cada vez a apertar mais e as forças a começaram a fugir. Acho que neste momento até tive visões. Algumas pedras pareciam-me comida.

Finalmente lá chegamos as Lagoas das Salgadeiras e percebi que estávamos quase a chegar.


Mas quanto mais andávamos mais parecia que nos estávamos a afastar. Ao fim de mais algum tempo lá avistamos a estrada e finalmente a Torre. O abastecimento seria na torre da GNR. Quando entro encontro um cenário não muito agradável. O posto de abastecimento estava quente e húmido com um cheiro pouco agradável. E percebe-se o porque. Vários atletas estavam completamente acabados deitados nos sofás. Uns a dormir outros com caras de enjoados. Encontro uma cara conhecida, o atleta Bruno Bondoso que o ano passado ficou em 1º lugar na prova de 100 Km. Perguntei-lhe o que estava ali a fazer ao que me respondeu que tinha desistido. Estava a correr a prova dos 160 Km e teve de abandonar devido a fadiga e desidratação. Com este cenário que vos conto e ao ver tanta gente a desistir na torre fico a pensar se também não deveria ficar ali. Decidi que não. Já tinha chegado até ali não ia desistir agora. Achei que deveria tentar comer alguma coisa mas estava enjoada e sem apetite. Bebi so coca-cola, abasteci com agua, comi batatas fritas e segui com o Paulo rumo a Loriga.

Ao longo deste ultimo troço Nave da Mestra - Torre fui tendo noticias dos Serranitos. O Xico ia bem posicionado na 4ª posição e já tinha chegado a Loriga. O Luzio tinha ficado um pouco para trás mas teve um acidente a descer a garganta de Loriga. Espetou uma raiz no tornozelo e teve de ir para o Hospital levar pontos.

Sabia que a descida até Loriga ia ser agreste. Mas tinha de ser. Foi muito difícil. Uma descida muito técnica e escorregadia. Quando as pernas já não tinham força a descida era feita com a técnica "de rabo". Estava a ficar bastante saturada de não poder correr mas ao mesmo tempo estava já em fraqueza.


Nesta descida até Loriga soube que o Xico já tinha chegado com um espectacular 3º lugar. Fiquei muito feliz mas agora tinha mesmo era de me preocupar comigo.

Quando avistei o estradão decidi que tinha de correr para tentar por as pernas a trabalhar um pouco. Perguntei ao Paulo se queria vir mas ele disse-me para seguir. Lá fui eu sempre a abrir no estradão que já conheço bem. Ainda na semana anterior tinha descido com o Xico e o Luzio. Ao fazer a descida cheia de speed acabei por gastar as minhas últimas energias a entrar em Loriga. E ao chegar ao abastecimento decido-me a ficar por lá. Não conseguia comer e as pernas estavam sem forças. Ainda tinha cerca de mais 20 Km pela frente até Seia mas sem comer nunca iria conseguir repor as forças e chegar até ao final. 

Tomei uma decisão que custou muito, especialmente porque esta prova era o meu Desafio de 2015. O calor dificultou-me a vida mas a fraqueza e a falta de apetite deixaram cair tudo por terra. No caminho para Seia no jipe da Protecção Civil a coisa bateu-me cá dentro. Quando cheguei a Seia e vi o Xico e a Cláudia a minha espera não aguentei e comecei a chorar. Não era assim que tinha planeado chegar a Seia...  Era assim, a dar um salto destes:



Infelizmente não foi possível. Mas não desisto e para o ano lá estarei novamente.

Este post demorou algum tempo a sair do forno porque tenho andado a ponderar sobre como as falhas podem ser mais interessantes que as vitorias pessoais. Falhar deitou-me abaixo e mostrou-me o quanto consigo suportar. Revelou-me a minha verdadeira força interior. A aventura que passei está na dor que senti em cada momento suado pelo caminho.

Nesse dia tomei a difícil decisão de desistir aos cerca de 50 Km na minha tentativa de concluir a prova. Custou muito mas neste momento já não me arrependo. Os trilhos e as montanhas são professores e os nossos DNF são apenas uma forma de voltar ao principio e aprender tudo outra vez... e quem sabe mais outra vez.

Não desistir de tentar significa que iremos manter o sonho vivo e voltar mais fortes, mais inteligentes e de coração aberto como bons alunos que somos dos trilhos e da montanha.

Até 2016!!

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Páscoa Activa

Esta Páscoa foi diferente das habituais. Foi passada no Ribatejo. A correr... 

Saída programada de Lisboa sexta feira santa pela fresquinha a caminho da Golegã para fazer a Meia Maratona. Cada vez gosto menos de confusões e estava a apetecer-me fazer uma meia maratona de estrada num ambiente tranquilo. Já tinha ouvido falar bem desta prova por isso decidimos ir. Estávamos inscritos a bastante tempo para uma prova nocturna de Trail na zona de Santarém no sábado da Pascoa e por isso não podia ter calhado melhor.

Chegamos cedo para levantar os dorsais tranquilamente. Tendo em conta que tínhamos acordado bastante cedo e como já é habitual em mim adormeci no carro. Calma, não se assustem, eu não ia a conduzir :P Assim que saio do carro sinto uma dor forte nas costas na zona perto do pescoço do lado direito e apercebo-me de imediato que não consigo virar a cabeça em condições nem para um lado nem para o outro. "Não quero acreditar que estou com um torcicolo???" Mas era mesmo verdade. Mal me conseguia mexer e só estava confortável com a cabeça ligeiramente "à banda". Já que ali estava não havia volta a dar. Ia tentar correr e logo se via. Fomos levantar os dorsais e decidimos correr um bocadinho pela vila para aquecer. Sabíamos que iam mais alguns elementos do Correr Lisboa e logo os encontrámos. Poucos mas bons :) Assim que começo a correr fico com vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. Cada vez me doía mais o pescoço mas ao mesmo tempo constatava a figura que fazia a correr. Aqui até parecia normal.

Foto: André Noronha (Obrigada!!)
O pior foi depois. Tal como prevíamos não havia muita gente na prova e a partida foi tranquila. Logo nos primeiros Km deu para sentir o calor abafado que nos ia acompanhar ao longo de toda a prova. 
O percurso dava uma volta a vila sempre em piso com paralelos e seguia por uma estrada nacional até a uma terra chamada Pombalinho passando perto da Reserva Natural do Paul do Boquilobo. Este paul é um dos mais importantes do país e destaca-se pelas suas populações de aves nidificantes e por albergar importantes populações de patos no Inverno. 
O percurso é sempre plano o que acaba por ser um bocado saturante. Sabiam bem umas subidas e descidas para apimentar a coisa. Mas isso ficaria para o dia seguinte.
Estava a pensar que me ia custar correr com o pescoço assim mas ao fim de 2/3 Km deixei de o sentir. A prova correu bem, baixei em 3 minutos o meu anterior tempo da 1/2 Maratona, mas a chegada estava um bocadinho torta.


Seguiu-se um almoço no parque do Eccuspolis: Sopa, salada de peixe, bebidas e fruta. No final entregaram os prémios. O Correr Lisboa esteve em grande destaque no sexo feminino com dois elementos no Pódio :) 

Depois do repasto seguimos para Santarém onde ficamos a dormir.

No sábado passeamos por Santarém e depois de almoço resolvemos ir dar um salto ao Bombarral para uma visita ao Bacalhôa Buddha Eden. Com cerca de 35 hectares, o jardim foi criado em protesto contra destruição pelos talibãs dos Budas Gigantes de Bamyan no Afeganistão. Tratam-se de peças da colecção pessoal de Joe Berado. O jardim é bonito mas com poucas sombras e como estava muito calor acabamos por não usufruir muito do passeio.


De seguida fomos a caminho do próximo desafio: Night Trail da Pascoa nas Abitureiras. Iamos aventurar-nos a correr à noite durante 17 Km.

Ao longo do dia fui sentindo o pescoço a ficar cada vez pior e quando me estava a vestir para a prova decidi que ia fazer companhia a amiga Cláudia e ir a um ritmo mais calmo. A prova teve inicio as 20:10 e entusiasmei-me na partida. Quando dei conta já não via a Cláudia. Acabei por vir quase sempre na companhia de duas senhoras muito simpáticas da equipa Lebres do Sado. Para variar não me lembro dos nomes, mas sei que vou encontrá-las no próximo trail em Vale dos Barris.

Os abastecimentos eram fartos. Logo no 1º abastecimento já havia entremeada grelhada entre outros piteus. Dava vontade de ficar por ali mas não se podia perder muito tempo nos abastecimentos.

A prova foi muito engraçada com descidas e subidas interessantes e bom ambiente. Toda a gente muito bem disposta. Fiz a parte final da prova com um rapaz que levava musica no telemóvel mas sem phones e fui muito tempo a ouvir bossa nova. Raio de banda sonora para um trail noturno... hehe...

Uma coisa boa de fazer estas provas de noite é que não se vê bem por onde andamos e assim ao menos não enfrentamos os sítios por onde passamos com tanto medo. É siga para bingo. Logo se vê se tem um buraco ou não. 

No final mais um super-abastecimento com bifanas, sopa e arroz doce. Muito bom. Aqui está a foto a chegada.


Foi uma Pascoa bastante activa com direito a uma prova de estrada, um trail e um torcicolo que só desapareceu após uma massagem tui-na e muita pomada tigre. Nada que a medicina tradicional chinesa não resolva. E desta vez não foi preciso agulhas :)

sexta-feira, 27 de março de 2015

Ausência Prolongada - As minhas desculpas :(

Ola a todos!!!

Peço desde já desculpas pela ausência prolongada.

Já aqui não vinha desde final de Janeiro. Desde que criei o blog foi esta a vez que estive mais tempo afastada destas lides. Infelizmente a minha inspiração tem sido nula.

Chego muito cansada a casa e apenas tenho tido paciência para treinar (correr ou rpm), organizar as lides domesticas e dormir.

Decidi resumir as minhas actividades desde o inicio do ano para fazer um reality check:

Janeiro - Total de Km
Corrida - 111,82 Km 
Bicicleta - 101 Km

Fevereiro - Total de Km
Corrida - 127,52 Km 
Bicicleta - 90 Km

Março (até 27/03) - Total de Km
Corrida - 116,42 KM
Bicicleta - 102,4 Km

De todos os Km de corrida a maioria foi em trail. Ainda não participei em nenhuma prova de estrada desde o inicio do ano... A primeira será a Meia-Maratona da Golegã :)

Fiz 5 provas em 2015:

Janeiro: Território Centro - Proença a Nova - 47 Km
Fevereiro: Trail de Bucelas - 15 Km
                 Território Centro - Vila Velha de Ródão - 48 Km
Março: Território Centro - Vila de Rei - 25 Km
             Trail de Almeirim - 30 Km

Tenho estado a adorar o circuito Território Centro. Os percursos têm sido bonitos e a organização espectacular. Com estas provas mais longas tenho começado a perceber-me que adoro correr completamente sozinha, só com os meus pensamentos, durante horas a fio. A coisa que mais temia nestas ultras era o facto de não conseguir aguentar o esforço. Não tanto o físico mas mais o psicológico. Como me enganei!!! Aproveito esse tempo para limpar e cabeça e no final parece que me sinto muito mais leve e tranquila. 

Aqui ficam alguns registos dos sítios por onde andei:

Trail de Bucelas

Território Centro - Vila Velha de Ródão


Território Centro - Vila de Rei (Marco Geodésico do Centro de Portugal)
Territorio Centro - Vila de Rei
Trail de Almeirim
Até breve!!!