quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Os "não" Trilhos de Casainhos ou o trail mais curto de todos os tempos

Aqui estou eu para relatar a minha grande aventura nos VI Trilhos de Casainhos. Não sei bem se grande será a palavra correcta mas já lá vamos...

Esta prova é organizada pelo Sporting Clube de Casainhos uma localidade do Concelho de Loures. A prova tinha partida marcada para as 10:45 pelo que havia tempo mais que suficiente. Dava para acordar a tempo e horas e ir tranquilamente. Chegados ao Clube estacionamos o carro e seguimos para levantar os dorsais. Já lá estava a Verónica e o António que gentilmente nos levantaram os dorsais. Pouco antes da partida cai uma chuva torrencial. Todos se abrigaram onde era possível. Estava perfeitamente descontraída quanto a esta prova. Eram só 16 Km e a chuva e lama não me assustam. Antes pelo contrário.

As 10:45 é dada a partida e seguimos por uma piscina gigante até iniciarmos uma pequena volta pelas ruas de Casainhos entramos depois em trilhos muito estreitos e totalmente enlameados. A patinagem começou. Para além da lama havia muita pedra o que fazia com que se avança-se com precaução. A prova estava a correr-me bem. Passo num cruzamento onde avisto algum pessoal que por um motivo outro não pode participar na prova: Caldeirinha, Verónica, Marco Borges... Faço adeus e a pose para a foto. 
Foto M_F_Borges-Runners-Photos
Cerca de 1 Km a frente acontece o pior. Escorrego numa pedra enlameada e caio num desnível, tendo aterrado com o lado de fora do pe no meio de silvas. Imediatamente ouvi o tão conhecido som a qual os meus ouvidos já se têm vindo a habituar desde os tempos da ginástica... Creckkkk... Ups já foste... Pensei eu... O pior é que não me conseguia levantar... Começou a criar-se uma enorme fila atrás de mim e eu ali esborrachada no chão sem me conseguir por de pé. Muita gente passou por mim perfeitamente indiferente a situação. Até que chegam os meus anjos da guarda. Não consegui fixar o nome deles tal era o meu estado de transe. Primeiro problema com que se depararam: o dorsal não tinha o número da organização. Então estes bons camaradas resolveram levar-me até a estrada onde pensavam eles que talvez estivesse alguém da organização. Carregaram-me em ombros ao estilo cadeira. Coitados imagino o esforço. A lama e pedra escorregadia continuavam e eu não sou propriamente um peso pluma pelo que já se estavam a ver em dificuldades. Tiveram de parar várias vezes para deixar passar as restantes pessoas que seguiam atrás. Muito pessoal conhecido passava por mim e deixava-me uma palavra de consolo. Obrigado a todos pela força. 

Os meus anjos da guarda lá me conseguiram carregar ate que apareceu uma moto 4 da organização que me ajudou a chegar mais rapidamente a ambulância dos Bombeiros. Fui logo deitada na maca e enfiaram-me na ambulância. Os Bombeiros Voluntários de Fanhões fizerem tudo como manda o protocolo. Tiraram a temperatura, mediram a tensão arterial, as pulsações e os o nível de glicemia. Tudo  OK. Olharam para as minhas feridas nos braços e pernas e rimo-nos. 

 - "Bem vamos lá então despachar a coisa, por ai uma ligadura bem apertada e gelo e levem-me de volta a partida se faz favor que eu ainda quero ir ao almoço da prova. Desisti mas tenho direito a feijoada."
- "Pois, não me parece que vás."

Tiraram-me o sapato e a meia e o meu pé parecia uma bola de futebol. 

- "Achamos que tens o pé partido e por via das duvidas tens de ir ao hospital para fazer um RX."
- "Mas esperem amigos, eu consigo mexer os dedinhos dos pés."
- "Pois isso não interessa, vais para o Hospital e mais nada... "

E lá fui... Sem documentos de identificação, sem telemóvel, apenas eu e a minha roupa encharcada. Pedi a um dos Bombeiros que alertasse a organização para que assim que o Xico chegasse lhe explicassem o sucedido e lhe dissessem que eu estava no Hospital. Ele disse que sim mas tinha de me fazer a tala no pé antes de me levarem. Depois de porem aquela traquitana no pé a ambulância entra em andamento a fazer tinoni... Essa é que não. Já não basta ter de ir para o hospital ainda ir com a ambulância a apitar. Devia estar mesmo mal. Para ajudar a festa pedi ao bombeiro se me podia virar ao contrario, por a cabeça para o lado da porta porque estar deitada com a cabeça para o volante estava a deixar-me um pouco mal disposta. Não me deixou. Pedi para me levantar. Também não me deixou. Raios. Finalmente chego ao Beatriz Ângelo. Toca a despachar que quero voltar para a meta e ainda almoçar. Sigo para a triagem. Para dizer a verdade o pé doia-me para chuchu para nada de dar parte de fraca. Na triagem dizem: 

- "Provavelmente está partido menina"
- "Merdaaaaaa... Será possível? Isto não me pode estar a acontecer. Não está partido... Não está partido... Não está partido..."

Repetia eu. Não queria acreditar. Lá fui fazer o RX e apareceu o Xico que estava com ar preocupado. Esperei, esperei, esperei, esperei... quase 4 horas de martírio até finalmente o médico me dizer que não estava partido. ALELUIAAAA. Levei 2 injecções e fui alertada que tinha de ir levar a vacina do tétano dentro de 3 dias uma vez que estava cheia de feridas e que devia ter levado o reforço em 2010...

Assim fiz e hoje la fui ao Centro de Saúde de Sete Rios levar a pica.

Ao fim de 4 dias o pé ainda está roxo e ainda me doi um pouco mas já está muito menos inchado. Em breve já estarei operacional.

Não pensem que eu sou uma pessoa de desistir. Mantenho os mesmos objectivos no horizonte. Não é uma pequena queda que me vai derrubar. 


Este episódio fez-me concluir que a decisão sobre os passos que damos é quase sempre irracional. Num dia as coisas podem correr como idealizamos e de um momento para o outro tudo muda. A vida é frágil e o corpo é o bem mais precioso que temos. Mas também reconheço que se não arriscarmos e fizermos aquilo que a mente e o corpo pedem também não somos felizes. Se não o fizermos seremos escravos do nosso dia-a-dia monótono e nunca iremos realizar os nossos sonhos. A vida é curta demais e devemos vive-la intensamente.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Novidades Quentes e Boas

Os próximos meses já estão a ser delineados para irem de encontro ao desafio que me espera em Junho de 2015.

Aqui estão as provas escolhidas para me ajudarem a chegar ao Oh Meu Deus K70 o mais bem preparada possível.

Proença-a-Nova Ultra Trail 40+(Janeiro), Vila Velha de Rodão Ultra Trail 40+ (Fevereiro), Vila de Rei Ultra Trail 60+ (Março) e Sertã Ultra Trail 40+ (Abril)
 
Ultra Trail de São Mamede 42 Km (Maio)
 Acho que escolhi bem :)

sábado, 1 de novembro de 2014

II Duratrail ProAventuras

Antes de mais peço desculpa aos meus seguidores pela ausência mas tenho andado com pouca inspiração para a escrita. Nada melhor que uma boa prova de trail para me trazer a inspiração de volta.

Sábado passado fui dar um salto a Setúbal para participar no II Duratrail ProAventuras que decorreu na zona da Arrábida. Optei pela versão mais curta 22 Km.



Acordei com as galinhas para chegar a tempo de levantar os dorsais. A organização estava instalada no quartel dos Bombeiros de Setúbal e não houve tempos de espera para levantar os dorsais. Foi pegar e andar. Esta prova tinha a possibilidade de fazermos a inscrição com ou sem t-shirt. Tendo em conta que cá em casa é tudo a dobrar desta vez optamos por nos inscrever sem t-shirt. Mas podem dizer "ahhh mas não ficaste com nenhuma recordação da prova". Na na na. Recebi uma fita para a cabeça da Lurbel bem engraçada. Pena ser vermelha...


Passando a acção :) A partida deu-se as 9:00 e seguimos numa pequena volta pela Av. Luisa Todi com escolta até chegarmos a partida oficial. Inicia-se a primeira subida para separar o trigo do joio. Segui quase sempre acompanhada e fui encontrado pessoal conhecido aqui e ali. Logo ao inicio passamos num monte com um moinho de vento com uma vista espectacular. Não me apetecia parar logo ali ao inicio e segui caminho. Os primeiros 11 Km foram os mais complicados a nível de subidas mas sabia que ia ter o abastecimento para me recompor. Nada disso. Quando cheguei ao abastecimento não havia quase nada: 2 bolachas maria, 2 gomos de laranja e agua quase nem vê-la. Para conseguir encher a mochila tive de virar o bidon e aproveitar todas as gotas. Ou foram buscar mais ou quem veio depois viu-se a rasca. A partir dai o percurso era bastante corrivel. Soube mesmo bem passar pela zona da ribeira. O problema veio depois... Os sapatos ficaram cheios de pedrinhas e terra. Tive de me sentar e sacudir os sapatos mas sem sucesso. Apenas tirei a mais grossa. O resto continuou a moer mas sem fazer grande incomodo. Quando chego a zonas mais plana começo a sentir que me estavam a começar a doer os dedos dos pés. estranho... Já usei estas sapatilhas varias vezes. Não percebo o porque desta dor. Quando aparecem as descidas, altura em que por norma gosto de acelerar e vir por ali abaixo, começo a ter dores de tal ordem que até me vinham as lágrimas aos olhos. Comecei a atrasar-me e a não conseguir fazer as descidas rápido o que me estava a irritar solenemente. Mas paciência. Até que começo a ver a praia e apercebo-me que a meta deve ser já ali. Ate que constato que vou ter de correr um pouco na praia. Eishhhh isso é que não. Que tortura. Já nem sentia os dedinhos. Achei melhor tirar as sapatilhas e seguir de meias. Nada mau não fosse ter de voltar a calça-las mais a frente porque voltei a entrar em zona de passeio. Por momentos pensei "que se lixe" mas um senhor da organização avisou-me que aviam ali vidros e que era melhor calçar e assim fiz com muita dificuldade. Mas também só faltavam uns 500m. Estava quase. 



Começo a ver a meta e uma passadeira vermelha a aguardar-me qual estrela de Hollywood :)

A minha cara de sofrimento diz tudo

Gostei bastante desta prova. Estava muito bem organizada, o percurso extremamente bem marcado e muito diversificado no que diz respeito a tipos de terreno. Também gostei da parte dos obstáculos naturais que nos fizeram ultrapassar durante o caminho. O único reparo foi apenas o 1º abastecimento porque de resto estava tudo impecável. Incluindo o espectacular almoço: Massada de peixe com camarões a moda de Setúbal.

No final ainda deu para dar uma vista de olhos nos stands e apaixonei-me por estas meninas:

La Sportiva Bushido 
Andava a querer encomenda-las mas sem experimentar nem pensar. A oportunidade surgiu no stand da GoPerSports, uma loja/bike center localizado em Setúbal que tem muito equipamento para trail. O pessoal que estava no stand era impecável e explicou tudo sobre as minhas futuras bichinhas. Como estava com os pés doridos não consegui perceber se o numero que estava a experimentar era ou não o certo para mim, por isso vou ter de la voltar para experimentar o numero acima. Sempre é uma bela desculpa para ir comer choco frito :) Ainda experimentei umas meias da Lurbel que me pareceram ideais para trail. Muito fofinhas e sem costuras, como se quer. 

Terminou mais uma DURA aventura. Venha a próxima:)